15 outubro 2013

Reconhecimento

Têm sido variadas as estratégias utilizadas pelos terapeutas que trabalham comigo, principalmente nestes últimos anos, mas não quero ser injusta com aqueles que trabalharam comigo anteriormente, porque todos eles tiveram um papel importante e cada um, numa determinada fase da minha longa caminhada, mas com frutos de reabilitação.

Uma entre muitas das estratégias utilizadas desde há cerca de uns 3 anos é a privação da visão com o objetivo de outros sentidos ficarem mais atentos e assim os estímulos tornam-se mais intensos. Esta é feita com auxílio de uma venda preta nos olhos, com o objetivo de desenhar um mapa mental da perceção correta do meu corpo. A sensibilidade ao toque no meu corpo não foi afetada, mas a percepção que tenho do mesmo é que nem sempre é a correta, e por vezes quando realizo esta atividade, fico bastante baralhada, tonta e com dores de cabeça, mas é normal, visto que o cérebro está a ser bombardeado com estímulos novos.

No início desta terapia com a venda nos olhos, ficava deitada no colchão e o terapeuta batia com uma bola no colchão, e eu nem percebia se a bola batia acima, abaixo, do lado direito ou esquerdo do local onde me encontrava. Quando andava de gatas se não tivesse uma parede ou algo como referência, começava a andar às voltas e nem me apercebia, mesmo com referências, era um exercício difícil para mim, mas tinha de ser feito.

Após muito trabalho e muita dedicação minha, dos meus terapeutas e quilos de paciência, atualmente já consegui melhorar bastante, pois estas atividades foram-me impostas diariamente com a venda nos olhos. A perceção do meu corpo está melhor, tornando-se assim mais fácil, rolar, gatinhar, rastejar, realizar o treino de marcha, andar ajoelhada para a esquerda e para a direita e realizar todas as atividades no colchão, atividades estas que no início eram impossíveis de executar sem a venda nos olhos, quanto mais com os olhos tapados, por este fato, fico muito satisfeita com as minhas realizações, sobretudo por ter atingido este patamar da minha longa reabilitação, contra todas as expetativas médicas, dado o meu quadro clínico inicial.


Estas conquistas todas fazem com que continue a lutar por mim e por todas as pessoas que acreditam realmente na minha recuperação física, porque eu acredito realmente que vou conseguir atingir o topo, até onde me deixarem chegar e enquanto a minha família mais próxima conseguir ajudar, porque se dependesse só da segurança social eu estava tramada. Estou muito ofendida, desiludida com o sistema nacional de saúde, não só por mim, mas também por muitas pessoas em situações semelhantes, que não tem este apoio privado que a minha família me tem dado.