05 abril 2014

Pequenas grandes vitórias

Vou escrever sobre as minhas pequenas grandes vitórias recentes.

Consigo finalmente rastejar no tapete fazendo a dissociação das cinturas pélvicas e escapulares, isto é, fazer movimentos com a cintura e os ombros de modo mais harmonioso e coordenado, conseguindo desta forma fazer melhor as transferências de peso para ambos os lados.

Já consigo estar semi-ajoelhada à esquerda e à direita, durante algum tempo, permanecendo alinhada e deste modo sentindo-me equilibrada. A partir da posição semi-ajoelhada também consigo assumir a posição em pé e ficar equilibrada, bastando para isso uma referência, como por exemplo, olhar fixamente para um objeto em frente.

Há pouco tempo comecei a ter noção do meu corpo de uma forma mais automatizada. Existem partes do meu corpo que parecem estar mais representadas no meu cérebro, sinto que está mais acordado em relação há umas semanas atrás, tenho mais a perceção da parte direita do meu corpo, o que é bastante bom, como consequência a marcha tornou-se mais fluída porque estão a ser solicitados músculos que há muito tempo não trabalhavam, músculos estes que nem sabia que os tinha, são cá umas dores, parecem choques elétricos.

Também comecei a perceber que os meus pés têm um papel fundamental na marcha, como estão menos espásticos consigo adaptá-los ao piso (consigo sentir melhor a parte de dentro dos pés, antes o meu cérebro só reconhecia a parte de fora dos meus pés), devido ao fato de a cintura pélvica estar mais maleável e outros fatores. Isto permite-me toda esta evolução que só foi possível porque há muita dedicação de quem me acompanha no dia-a-dia e graças à minha persistência e daqueles que me ajudam nesta caminhada. Consigo perceber certos movimentos que antes não percebia que existiam, apesar de serem solicitados, só agora consigo executá-los.

Com a melhor conceção do meu corpo, a visão melhorou bastante, quer na acuidade visual, quer em nos campos visuais, permitindo-me executar tarefas que eram impossíveis de realizar, deixando-me bastante contente e satisfeita e com vontade de continuar a lutar e conseguir a minha independência. Aliás acho que o fato de estar a recuperar a visão à medida que tenho mais perceção do corpo é uma grande alavanca para continuar esta batalha que tenho de enfrentar todos os dias.

É claro que as pessoas que não estão diretamente envolvidas na minha recuperação e só querem ver resultados imediatos e práticos, não procuram saber e nem conhecem nada de neurologia, dando a sua opinião, dizendo que já é altura de caminhar sozinha sem ninguém por perto, dizendo que tenho é medo e pouca força de vontade, eu proponho colocarem-se no meu lugar e sentirem o que sinto e pensarem um pouco no que estão a dizer, tento ignorar, mas não e fácil fazê-lo, talvez escreva acerca deste assunto mais tarde, se me apetecer.



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