21 setembro 2015

Aceitar

Aceitar a vida como ela é, tornam mais claras e tranquilas as situações da vida e clarifica tudo em redor, quando digo aceitar, não quero dizer ficar inerte, sem reação, à espera, pelo contrário, tem de haver uma reação, um impulso. As nossas escolhas podem condicionar a nossa vidinha, que tem umas costas enormes e largas para os nossos atos, ao aceitarmos a vida como ela é, isso pode aliviar as nossas escolhas.

Na minha opinião, as escolhas que se fazem, os caminhos que trilhamos, são da nossa responsabilidade e mais uma vez é a nossa escolha, mesmo que por vezes, seja necessário escolher o caminho mais longo e mais difícil, mas mesmo assim é a nossa escolha, e muitas das vezes somos empurrados pela teimosia, orgulho e altivez, por vezes, temos de nos colocar no lugar do outro e avaliar a questão, mas nunca julgar, mas nunca mesmo.

Quando escrevo acerca do ato de aceitar, também tenho a perfeita noção de que não é o mesmo que resignar aos fatos com um olhar cego, porque até o cego pode sentir, alcançar e observar de modo mais perspicaz e mais fino, porque basta sentir e estar atento aos alertas vindos do espaço que o rodeia, e com muita intuição mesmo quase, quase como se os seus olhos vissem realmente, tudo em seu redor fica mais claro, sentindo os aromas mais apurados, os sons mais finos, o seu corpo reage como reflexo dos movimentos, em suma se aceitarmos a vida como uma segunda ou terceira oportunidade, ou as vezes que forem necessárias, ela acaba por passar uma enorme rasteira de sorriso aberto e sincero, tudo fluí naturalmente, com retorno em mais amor e alegria, como se fosse dada uma nova oportunidade de receber frutas maduras e deliciosas de uma nova árvore que plantámos, que vimos crescer diariamente, podando ramo a ramo com muito amor.

Mais uma vez, o tempo é sábio e poderoso, dono das nossas escolhas em cada compasso, em cada ponteiro que não pára, em cada momento afirmo isto, porque as folhas das árvores não param de brotar e morrer, os rios não param e desmaiam sempre no mar, o mar não pára de beijar a areia, dando o seu colo a todas as encostas, sejam elas quais forem, rochedos, areia ou mata.

Por estes motivos e podia acrescentar muitos mais inerentes à natureza, esta nunca se resigna, pelo contrário, tenta renascer sempre, todos os dias, fazendo mais outra tentativa todos dias, mesmo que não a vejamos ativa, assim como o arco íris aparece quando chove e está sol, como o sol e a lua que nascem todos os dias, mesmo que estejam tapados pelas nuvens, mesmo que seja lua nova, estes são eternos companheiros e estarão sempre presentes, mesmo tão diferentes, são complementares.

Patrícia Arsénio