10 outubro 2016

Estranho, mas bom!


Vou escrever sobre a minha espasticidade. O meu tónus muscular tem realmente diminuído e tem feito os seus ajustes com o exercício que faço diariamente, em casa e no ginásio, porque, meus amigos, eu trabalho mesmo. Trabalho por opção e não para fazer vontades a ninguém, trabalho porque quero e tenho vontade em melhorar e colher frutos maduros e sumarentos todos os dias. Realmente colho bons frutos, às vezes, uns mais maduros do que outros, mas enfim, todos numa cesta de verga não se dá pela diferença, apenas ao provar se sabe se os frutos são bons. O tempo é soberano nesta questão porque este senhor é quem dita as regras desta minha caminhada e a rege ao seu compasso em cada dia que amanhece até que adormece, ano após ano girando como uma nora de um rio, como uma roda de um moinho, estes dois só param quando não houver mais água nem vento. Faço questão que esses elementos estejam bem presentes no meu caminho que trilho, todos os dias, a água para me acalmar e o vento para me impulsionar para a frente sem recuos.

Agora tenho de aprender a andar sozinha porque o meu cérebro desaprendeu e o único modo de aprender é trabalhar todos os santos dias para tentar recuperar a informação do meu computador que fez reset.


Todos os dias gravo alguma informação, todos os dias existem novas células no chefinho que aprendem e por isso não desisto. Embora este trabalho seja um bocado ingrato, não dá resultados de imediato, eu sei muito bem disso. Enquanto eu e os meus pais tivermos forças, eu não quebro. Acho que vou buscar estas forças onde qualquer ser humano em desespero vai buscar conforto, à fé, em que existem forças superiores, os meus amiguinhos que me guiam e protegem sempre.

Contudo, como estava habituada a um registo de espasticidade mais acentuado, ainda me faz um bocado de confusão ter o ponto de equilíbrio mais para a frente, é estranho, parece que estou no limite do equilíbrio, mas não estou. Apenas tenho o peso e a transferência de peso no local correto e isto é um passo muito importante nesta fase, por isso é muito bom, mas muito estranho.

Patrícia Arsénio


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